As (in)verdades do 4º Estado da Nação do Presidente Nyusi

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Tema de Fundo - Tema de Fundo
Escrito por Adérito Caldeira  em 21 Dezembro 2018
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Foto da Presidência da RepúblicaEmbora tenha iniciado o seu 4º Informe sobre o Estado da Nação declarando que “devemos ter a coragem de dizer a verdade” o Presidente Filipe Nyusi fez na quarta-feira(19) um discurso com muitas inverdades: “construímos de raiz o armazém regional de Nampula”, “expandimos a campanha de vacinação contra o sarampo e rubéola”, “o nosso plano é disponibilizar mil autocarros até ao final do quinquénio”, “criamos até ao presente cerca de 1 milhão e 300 mil postos de trabalho em todo o país”, “somos uma das nações que menos polui no planeta”...
Discursando bem mais à vontade, e confiante, na Assembleia da República o Chefe de Estado começou por referir que: “mantemos hoje a mesma emoção, o mesmo sentimento de dever, o mesmo compromisso com a verdade (...) da mesma como nos comprometemos, devemos ter a coragem de dizer a verdade”.
No entanto durante as mais de 2 horas em que falou à Nação Nyusi alternou entre os números das realizações, que na verdade é o trabalho mínimo que se exige a qualquer Governo, e muitas inverdades.
“Incrementamos a capacidade logística de medicamentos, construindo de raiz o armazém regional de Nampula para servir as províncias de Nampula, Zambézia, Cabo Delgado e Niassa” vangloriou-se o Presidente omitindo que a infra-estrutura foi integralmente paga pelo Governo dos Estados Unidos da América e edificada por uma empresa sul-africana.
Filipe Nyusi recordou que o seu Orçamento de Estado continua a funcionar sem apoio dos Parceiros de Cooperação mas na verdade grande parte das realizações no sector da Saúde que disse “essas coisas estão a acontecer lá no terreno, estão lá esses postos”, só foram realizadas graças a doações de países e instituições estrangeiras como foram os casos da expansão da campanha de vacinação contra o sarampo e rubéola, do alargamento da cobertura do tratamento anti-retroviral, das acções de combate a desnutrição crónica.
Inverdades sobre empregos, poluição e conteúdo local nos investimentos do gás
Foto da Presidência da RepúblicaO estadista faltou ainda a verdade quando declarou que “para o transporte rodoviário de passageiros disponibilizamos 380 novos autocarros (...) o nosso plano é disponibilizar mil autocarros até ao final do quinquénio”. Na verdade em 2015 foram alocados 108 machimbombos , em 2016 foram 50, em 2017 outros 102, em 2018 foram 278 e em 2019 mais 100 deverão entrar em circulação o que totaliza apenas 638 autocarros em cinco anos com a particularidade de 503 ficarem em Maputo.
“No quadro do nosso compromisso de promover emprego e trabalho produtivo para os moçambicanos, especialmente os jovens, criamos até ao presente cerca de 1 milhão e 300 mil postos de trabalho em todo o país” insistiu o Presidente na retórica de estar a criar mais empregos do que todos os seus antecessores. Aliás o seu primeiro-ministro admitiu no Parlamento que muitos dos empregos contabilizados são precários, pois supostamente foram criados na agricultura, e muitos outros tratam-se do chamado auto-emprego, portanto sem contratos ou mesmo descontos para a Segurança Social.
Filipe Nyusi disse também que Moçambique é “uma das nações que menos polui no planeta” contudo milhares de cidadãos residentes no distrito de Moatize, e até mesmo na cidade de Tete, o desmentem. Na província de Maputo é também notável a poluição da cimenteira que ali está instalada há décadas e começam a notar-se os impactos poluentes da fundação de alumínio Mozal.
“Em 2018, em parceria com o sector privado, demos passos decisivos para assegurar que as oportunidades a surgir da dinâmica de investimento directo, destacamos a Conferência de oportunidades do sector do gás que decorreu na província de Cabo Delgado e pela primeira vez, depois foi replicada pelo país, fomos capazes de mapear e divulgar as oportunidades neste sector” destacou o Chefe de Estado.
Porém o facto é que a Lei do Conteúdo Local que está em negociação há alguns anos ainda não foi aprovadas e em Palma a Anadarko está a gastar 550 milhões de dólares com empresas que não são moçambicanas.



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