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Sobre o desaire da Frelimo em Quelimane
sexta-feira, 12 de outubro de 2018
Sobre o desaire da Frelimo em Quelimane
Desde as primeiras eleições gerais em 1994 a Renamo ganhou na Zambézia, salvo em 2009 que a Frelimo e seu candidato levaram a melhor. O voto dos zambezianos a favor da Renamo tem uma explicação histórica, mas vou destacar aqui aquela que acho ser a principal.
Qual é?
Como é do conhecimento de muitos, Zambézia foi a província que mais perdeu com o fim do colonialismo. No período colonial, esta província contribuia com quase 40% do Produto Interno Bruto de Moçambique. Ou seja, era a província com maior peso na economia moçambicana. Essa situação perdurou até aos primeiros anos da nossa independência, mas depois se deteriorou.
O que garantia essa pujança da Zambézia eram os grandes investimentos capitalistas. Falo das companhias arrendatárias da Zambézia, Boror, Madal, de Açucar etc., para além das grandes plantações de Chá de Gurúè, Arroz nn Nante, Algodão em Mocuba, entre outros. Todos esses investimentos empregavam uma grande parte da mão-de-obra jovem, que mais tarde foi ao desemprego em massa com a descolonização. Os patrões se foram e ficamos entre nós, sem capital para investir naqueles monstros, nem conhecimento para dar continuidade àqueles projectos. Tudo faliu.
A avalanche de jovens desempregados na Zambézia vulnerabilizou a classe. Muitos se revoltaram à Frelimo que mandou embora os seus patrões e não conseguiu garantir-lhes emprego. E assim muitos jovens se filiaram às fileiras da Renamo e foram ao combate. Por essa razão Zambézia foi um dos maiores campos de batalha.
Consequentemente, a Guerra trouxe grandes retrocessos à província. A miséria aumentou. Zambézia adormeceu. O desemprego atingiu níveis alarmantes, e a juventude continuou frustrada. E o “culpado” de tudo isso era a “Frelimo que mandou embora o patrão”. Notem que até hoje não há na Zambézia projectos dignos de realce que empregam muita massa jovem, e isso tem consequências na tendência do voto.
Já nas aleições autárquicas a Frelimo venceu as primeiras em 1998, as segundas em 2003 e as terceiras 2008 cujo presidente, Pio Matos, não concluiu o seu mandato. A vitória da Frelimo em Quelimane tinha como rosto a elite urbana. Era voto de pessoas da zona de cimento, sob olhar impávido dos jovens da periferia. Porém, as mudanças operadas na Cidade da Beira com a vitória de Daviz Simango despertaram os jovens dos subúrbios de Quelimane. Afinal é possível. De tal forma que a estratégia de “votou ficou a controlar o voto” foi replicada em Quelimane nas intercalres entre Manuel Araújo e Lourenço Bico. Construiu-se uma oposição entre a elite urbana que vota na Frelimo e a juventude da periferia. E venceu Araújo, o candidato da periferia.
Em dois anos de governação municipal Araújo cimentou a sua legitimidade, por um lado com boas acções, por outro pelo grande capital politico que o homem ostenta. Inclusive com um pouco de tom tribal que elevava a fúria da juventude periférica que se comunica em chuabo, diferentemente dos urbanos, bisnetos de Camões (“de quem é esta terra? É Nossa. Quem manda? Somos nós. Nós quem? Machuabos”. Isto é forte em política). Sem contemplações, os quelimanenses voltaram a votar no Manuel Araújo nas eleições de 2013, contra um candidato da Frelimo anónimo. Eu próprio, que tomava café nas casas da cidade, não o conhecia. Era um homem politicamente fraco, que dependia unicamente do capital político do seu partido e não do seu próprio. Os quelimanenses votaram naquele que se identifica com o próprio machuabo. Votaram no seu irmão, o Mano Mané. O filho da Professora Inês.
Já nestas eleições, as de 2018, o cenário muda. A Renamo volta à corrida eleitoral. Há um histórico do voto zambeziano a favor deste partido. O MDM se abala. Araújo, embora seja o candidato mais forte em Quelimane, se apercebe que ter a Renamo como adversário poder-lhe-ia complicar as contas. Neste diapasão, nada lhe restou senão usar do direito que a lei lhe assiste, e mudar de cor partidária, dado, também, o mau ambiente que se vivia no MDM. E assim se juntam dois grandes capitais politicos, o da Renamo e o de Araújo. E o resultado não nos surpreende.
Mérito da Renamo/Araújo e demérito da Frelimo/Carneiro
Se por um lado temos que dar mérito à Renamo e seu cabeça de lista, a avaliar também pelo bom trabalho feito por Araújo, embora os grandes desafios, por outro, há um demérito da Frelimo. Desta vez a Frelimo apostou naquele que acho ser a sua melhor figura na luta por Quelimane. Carlos Baptista Carneiro, ou, para mim e outros da zona de Muthozane, Mano Bebito. Este homem trilhou um brilhante caminho. O conheci no bairro, eramos vizinhos. Lá na zona já era um mano das massas. Era o explicador de matemática, Física, por aí, e tinha uma fácil comunicação com as massas da zona. Com o Tio Avança, a Tia Elisabeth, a Tia Fátima, a mana Fatinha, entre outros. Trabalhava e fazia política, até chegar ao cargo de Presidente da OJM na Zambézia, depois Administrador de Molevala, hoje Administrador de Quelimane, onde tem muita inserção social, e cabeça de lista da Frelimo. Portanto, o homem certo.
Porém, mais uma vez, a campanha da Frelimo foi liderada pela elite urbana. Por um lado filhos do cimento. Por outro, homens de bem-estar garantido porque têm oportunidades através do seu partido. Uns são chefes na função pública, outros são “empresários”, andam em D4D’s e Ford Rangers, ostemtam riqueza. Outros são “filhinhos” da praça. Donos das discotecas e das festas, vestem muito bem, andam com as menias da cidade, etc. E foram esses que deram a cara na campanha para eleger Mano Bebito, o jovem do subúrbio rodeado de meninos bonitos. Enquanto isso, Araújo manteve a sua identidade. Foi abraçado pelos pés descalços. Nem se preocuparam com campanha na zona de cimento. Foram ao encontro daqueles com quem convivem todos dias, com quem bebem Impala de Milho e Zed, não os procuram apenas em período eleitoral, e gritaram “elabò edji djani? Djeu. Ontonga bani? Iò. Iò ani? Atchuabooooooooooooo. Bai tó, mussacule kwali” (“de quem é esta terra? É Nossa. Quem manda? Somos nós. Nós quem? Machuabooooos. Então, votem na perdiz”). Eis o resultado.
Continuem com os meninos bonitos da cidade, elitizem-se, façam selfies com máquinas, comuniquem-se em Portugués, desprezem quem não é vosso, passeiem no torrone, janeiro, cabeça, manhaua, icidua, etc., apenas em tempo de campanha, mas o resultado já sabem qual é.
É apenas opinião de um filho da casa que dela não se esquece jamais…
Mdz
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