POLÍTICA - 'Nós continuamos vivos. O nosso nome agora é Haddad', diz Lula em carta ao povo

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POLÍTICA - 'Nós continuamos vivos. O nosso nome agora é Haddad', diz Lula em carta ao povo

"Se querem calar nossa voz e derrotar nosso projeto para o país, estão muito enganados. Nós continuamos vivos, no coração e na memória do povo. E o nosso nome agora é Haddad.” Com essas palavras, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva oficializou a substituição de seu nome como candidato à Presidência da República por Fernando Haddad, com Manuela D’Ávila (PCdoB) como vice.

A Carta ao Povo Brasileiro foi lida pelo advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, fundador do PT. “Minha condenação é uma farsa judicial, uma vingança política, sempre usando medidas de exceção contra mim", afirmou. "Eles não querem prender e interditar apenas o cidadão Luiz Inácio Lula da Silva. Querem prender e interditar o projeto de Brasil que a maioria aprovou em quatro eleições consecutivas, e que só foi interrompido por um golpe contra uma presidenta legitimamente eleita, que não cometeu crime de responsabilidade, jogando o país no caos”, escreveu Lula no documento.

Declarando-se emocionado, Haddad iniciou seu discurso: “Sinto a dor de muitos brasileiros e brasileiras que vão receber hoje a notícia de que não vão poder votar naquele que gostariam de ver subir a rampa do Planalto e liderar o país a partir de 1° de janeiro”. Disse que Lula representa “um divisor de águas na história do Brasil” e acrescentou: “Ele saiu de dentro do povo e chegou à Presidência da República superando todos os obstáculos que a vida lhe impôs e chegou para mudar definitivamente a nossa história”.

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Leia íntegra da Carta ao Povo Brasileiro

Curitiba, 11 de setembro de 2018

Meus amigos e minhas amigas,

Vocês já devem saber que os tribunais proibiram minha candidatura a presidente da República. Na verdade, proibiram o povo brasileiro de votar livremente para mudar a triste realidade do país.

Nunca aceitei a injustiça nem vou aceitar. Há mais de 40 anos ando junto com o povo, defendendo a igualdade e a transformação do Brasil num país melhor e mais justo. E foi andando pelo nosso país que vi de perto o sofrimento queimando na alma e a esperança brilhando de novo nos olhos da nossa gente. Vi a indignação com as coisas muito erradas que estão acontecendo e a vontade de melhorar de vida outra vez.

Foi para corrigir tantos erros e renovar a esperança no futuro que decidi ser candidato a presidente. E apesar das mentiras e da perseguição, o povo nos abraçou nas ruas e nos levou à liderança disparada em todas as pesquisas.

Há mais de cinco meses estou preso injustamente. Não cometi nenhum crime e fui condenado pela imprensa muito antes de ser julgado. Continuo desafiando os procuradores da Lava Jato, o juiz Sérgio Moro e o TRF-4 a apresentarem uma única prova contra mim, pois não se pode condenar ninguém por crimes que não praticou, por dinheiro que não desviou, por atos indeterminados.

Minha condenação é uma farsa judicial, uma vingança política, sempre usando medidas de exceção contra mim. Eles não querem prender e interditar apenas o cidadão Luiz Inácio Lula da Silva. Querem prender e interditar o projeto de Brasil que a maioria aprovou em quatro eleições consecutivas, e que só foi interrompido por um golpe contra uma presidenta legitimamente eleita, que não cometeu crime de responsabilidade, jogando o país no caos.

Vocês me conhecem e sabem que eu jamais desistiria de lutar. Perdi minha companheira Marisa, amargurada com tudo o que aconteceu a nossa família, mas não desisti, até em homenagem a sua memória. Enfrentei as acusações com base na lei e no direito. Denunciei as mentiras e os abusos de autoridade em todos os tribunais, inclusive no Comitê de Direitos Humanos da ONU, que reconheceu meu direito de ser candidato.

A comunidade jurídica, dentro e fora do país, indignou-se com as aberrações cometidas por Sergio Moro e pelo Tribunal de Porto Alegre. Lideranças de todo o mundo denunciaram o atentado à democracia em que meu processo se transformou. A imprensa internacional mostrou ao mundo o que a Globo tentou esconder.

E mesmo assim os tribunais brasileiros me negaram o direito que é garantido pela Constituição a qualquer cidadão, desde que não se chame Luiz Inácio Lula da Silva. Negaram a decisão da ONU, desrespeitando o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos que o Brasil assinou soberanamente.

Por ação, omissão e protelação, o Judiciário brasileiro privou o país de um processo eleitoral com a presença de todas as forças políticas. Cassaram o direito do povo de votar livremente. Agora querem me proibir de falar ao povo e até de aparecer na televisão. Me censuram, como na época da ditadura.

Talvez nada disso tivesse acontecido se eu não liderasse todas as pesquisas de intenção de votos. Talvez eu não estivesse preso se aceitasse abrir mão da minha candidatura. Mas eu jamais trocaria a minha dignidade pela minha liberdade, pelo compromisso que tenho com o povo brasileiro.

Fui incluído artificialmente na Lei da Ficha Limpa para ser arbitrariamente arrancado da disputa eleitoral, mas não deixarei que façam disto pretexto para aprisionar o futuro do Brasil.

É diante dessas circunstâncias que tenho de tomar uma decisão, no prazo que foi imposto de forma arbitrária. Estou indicando ao PT e à Coligação “O Povo Feliz de Novo” a substituição da minha candidatura pela do companheiro Fernando Haddad, que até este momento desempenhou com extrema lealdade a posição de candidato a vice-presidente.

Fernando Haddad, ministro da Educação em meu governo, foi responsável por uma das mais importantes transformações em nosso país. Juntos, abrimos as portas da Universidade para quase 4 milhões de alunos de escolas públicas, negros, indígenas, filhos de trabalhadores que nunca tiveram antes esta oportunidade. Juntos criamos o Prouni, o novo Fies, as cotas, o Fundeb, o Enem, o Plano Nacional de Educação, o Pronatec e fizemos quatro vezes mais escolas técnicas do que fizeram antes em cem anos. Criamos o futuro.

Haddad é o coordenador do nosso Plano de Governo para tirar o país da crise, recebendo contribuições de milhares de pessoas e discutindo cada ponto comigo. Ele será meu representante nessa batalha para retomarmos o rumo do desenvolvimento e da justiça social.

Se querem calar nossa voz e derrotar nosso projeto para o País, estão muito enganados. Nós continuamos vivos, no coração e na memória do povo. E o nosso nome agora é Haddad.

Ao lado dele, como candidata a vice-presidente, teremos a companheira Manuela D’Ávila, confirmando nossa aliança histórica com o PCdoB, e que também conta com outras forças, como o PROS, setores do PSB, lideranças de outros partidos e, principalmente, com os movimentos sociais, trabalhadores da cidade e do campo, expoentes das forças democráticas e populares.

A nossa lealdade, minha, do Haddad e da Manuela, é com o povo em primeiro lugar. É com os sonhos de quem quer viver outra vez num país em que todos tenham comida na mesa, em que haja emprego, salário digno e proteção da lei para quem trabalha; em que as crianças tenham escola e os jovens tenham futuro; em que as famílias possam comprar o carro, a casa e continuar sonhando e realizando cada vez mais. Um país em que todos tenham oportunidades e ninguém tenha privilégios.

Eu sei que um dia a verdadeira Justiça será feita e será reconhecida minha inocência. E nesse dia eu estarei junto com o Haddad para fazer o governo do povo e da esperança. Nós todos estaremos lá, juntos, para fazer o Brasil feliz de novo.

Quero agradecer a solidariedade dos que me enviam mensagens e cartas, fazem orações e atos públicos pela minha liberdade, que protestam no mundo inteiro contra a perseguição e pela democracia, e especialmente aos que me acompanham diariamente na vigília em frente ao lugar onde estou.

Um homem pode ser injustamente preso, mas as suas ideias, não. Nenhum opressor pode ser maior que o povo. Por isso, nossas ideias vão chegar a todo mundo pela voz do povo, mais alta e mais forte que as mentiras da Globo.

Por isso, quero pedir, de coração, a todos que votariam em mim, que votem no companheiro Fernando Haddad para Presidente da República. E peço que votem nos nossos candidatos a governador, deputado e senador para construirmos um país mais democrático, com soberania, sem a privatização das empresas públicas, com mais justiça social, mais educação, cultura, ciência e tecnologia, com mais segurança, moradia e saúde, com mais emprego, salario digno e reforma agrária.

Nós já somos milhões de Lulas e, de hoje em diante, Fernando Haddad será Lula para milhões de brasileiros.

Até breve, meus amigos e minhas amigas. Até a vitória!

Um abraço do companheiro de sempre,

Luiz Inácio Lula da Silva

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O agora candidato oficial da coligação (formada por PT, PCdoB e Pros) disse que não esperava, após a redemocratização, que o país passaria pelo retrocesso em que mergulhou após a derrubada de Dilma Rousseff. “Depois de vencida a luta contra a ditadura, eu imaginava que meus filhos e netos teriam outras frentes de batalha, mas que a democracia estava definitivamente consolidada. O que aconteceu com o Brasil?”

O país ter voltado ao mapa da fome, entre outros retrocessos, é injustificável diante da oportunidade que tinha de ser mais justo, pontuou. “Bastaram dois anos para que voltássemos ao mapa da fome, para que o noticiário estivesse recheado de notícias que há muito tempo não ouvíamos, como o aumento da mortalidade infantil.”

“Fico me perguntando por que tanta injustiça contra um homem que não fez outra coisa durante sua presidência que não fosse estender a mão a todos os brasileiros, sobretudo para aqueles que precisavam da ação decisiva do Estado”, disse Haddad. “Podem vir com a violência que quiserem. Vamos nos reerguer”, prometeu, ao exortar a militância da coligação e os movimentos sociais.

A senadora pelo Paraná e presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, que falou antes de Greenhalgh, reafirmou que o PT fez o possível para consolidar juridicamente a candidatura de Lula, condenado sem provas e sem o devido processo legal. “Mesmo preso há mais de 150 dias, Lula mantém a liderança nas pesquisas.”

Ela lembrou que, no dia 15 de agosto, a candidatura do ex-presidente foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “Mas infelizmente a Justiça persistiu no caso do presidente Lula”, completou.

Anotou, ainda, que não houve o posicionamento do Supremo Tribunal Federal (STF) em relação aos recursos com o qual o partido pretendia, pelo menos, o adiamento da definição da chapa para o dia 17 de setembro. “Como Lula determinou, estamos apresentando Fernando Haddad como seu representante e candidato à Presidência”, informou Gleisi. 


Gleisi reafirmou também a “aliança histórica” com o PCdoB para apresentar Manuela D’Ávila como candidata à vice-presidência. Ela chamou a ex-presidenta Dilma, ao seu lado, de “símbolo da resistência’’.

Em seu discurso, Haddad prometeu liderar uma campanha aguerrida. Ele exortou a militância da coligação O Povo Feliz de Novo e os movimentos sociais: “Podem vir com a violência que quiserem. Vamos nos reerguer”.

O ex-prefeito paulistano acrescentou: “Não é hora de voltar para casa de cabeça baixa. É hora de sair pra rua, de cabeça erguida. Nós vamos ganhar essa eleição”.

Ele reconhece que a vitória na eleição exige “uma tarefa monumental”. Mas “para devolver o Brasil aos brasileiros, contamos com cada um aqui, todos que estão nos assistindo. Vamos pra rua dia 7 de outubro e no dia 28 vamos celebrar a democracia do Brasil”.




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POSTADO POR GOMES SILVEIRA
FONTE :REDE BRASIL ATUAL



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