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Afonso Dhlakama e a mamba verde
11/05/2018
Nas cerimónias fúnebres de Dhlakama a decorrer ontem, dia 9, no campo desportivo do Ferroviário da Beira, bem como em todo o território nacional, rezam pela sua alma e choram pela sua morte prematura mais de oito milhões de moçambicanos.
As imagens testemunhas do amor e da lealdade de uma metade dos moçambicanos pelo homem que derrotou o monopartidarismo em Moçambique são abundantes. Para eles, Dhlakama será sempre o pai da democracia e o nosso pai.
Quando encontrei Dhlakama pela primeira vez em 1983 fiquei tocado pelo magnetismo do seu calor humano e a sua sinceridade. Um charme difícil de resistir e que ao longo da sua vida cativava as pessoas que entravam naquela "aura" que sempre existia onde Dhlakama se encontrava. Dhlakama nunca teve de chamar alguém à ordem nas suas reuniões. Tinha uma autoridade natural e incontestável.
História nunca contada, ao acabar do dia 29 de setembro de 1992, perto já da meia-noite, estava sentado só com Dhlakama na "casa principal", uma palhota aberta na base de Massala. Tínhamos passado o dia a rever os 11 protocolos que juntos estavam para ser assinados em Roma, Itália, no dia 1 de outubro, para constituir o Acordo Geral de Paz. Dhlakama tinha-me pedido para explicar os acordos aos generais. Aguardavam em fila para me ouvir. Homens duros e com nada para ganhar. Lembro--me do olhar preocupado no rosto do general Ossufo Momade, agora o sucessor interino do falecido presidente. Era comandante da Zona Sul, a zona militar mais difícil para a Renamo. Pediu licença para falar e perguntou-me como a Renamo poderia evitar "que nos vão cortar o pescoço a todos nós" se abandonarem o controlo militar do território. Eu respondi que se os generais conseguissem organizar um levantamento popular em Maputo em que o governo seria preso e levado à justiça popular, numa grande praça aberta, não precisaríamos negociar um acordo de paz.
O jantar nessa noite foi sombrio. Depois do ritual de lavar as mãos numa grande tigela de água morna oferecida pela assistente de cozinha que todos conheciam como a "Linda", ao longo da grande mesa éramos 12 com Dhlakama na cabeça. Havia "carne de búfalo" bem cozida para homenagear a minha presença. No arroz cozido havia insetos também bem cozidos.
A vida mesmo na base presidencial era dura e havia pouca escolha de comida. Em 1991 em Maringué tinha escalado uma epidemia de cólera. A liderança da Renamo estava a morrer de dia para dia. Eu tinha conseguido organizar um voo clandestino de abastecimento de cloro e medicamentos. Para os que assim sobreviveram à epidemia, o professor ou como alguns diziam, o teacher tinha-se tornado uma personagem um bocado fabulosa.
Nesse dia de 29 setembro eu tinha ficado colocado numa posição em que dependia da minha interação com os generais e com Dhlakama se a Renamo iria assinar o acordo ou não. A assinatura tinha sido agendada para o dia 1 de outubro, e os ministros dos Negócios Estrangeiros, presidentes e padres estavam ansiosamente à espera em Roma, mas sem resposta da parte de Dhlakama.
O jantar na base de Massala tinha acabado e todos tinham-se despedido. O silêncio nessas matas é extraordinário e faz sentir o silêncio das igrejas. Dhlakama tinha-se encolhido na sua cadeira e não se mexia e não falava, depois de ter feito um gesto para eu ficar com ele. Após uma boa hora assim, observou que o meu olhar tinha-se dirigido ao teto de palha acima da mesa. Uma cobra bem adulta e gorda, totalmente verde, estava a descer lentamente no pilar central da palhota. Dhlakama fixou o olhar em mim e perguntou sombriamente: "O professor não tem medo? Esta é uma mamba verde. Mata logo." Eu respondi do meu coração: "O presidente não tem medo. Como é que eu devia ter medo?" Dhlakama deu aquele riso caloroso tão característico dele. Levantou-se e abraçou-me. Disse: "Vamos então para Roma assinar." Mandou o guarda chamar o Victor, o operador do telefone satélite. Disse-lhe: "Liga para o britânico (o Tiny Rowlands) e diz que ele pode enviar o avião para irmos para Roma." Fizemos assim a paz de Moçambique.
Dhlakama não mereceu morrer na solidão, como um animal ferido, caçado até à morte.
Foi vítima de eleições viciadas em 1994, e depois em 1999, em 2004, em 2009 e finalmente em 2014. Sempre pouco mais ou menos metade da população adulta de Moçambique votou nele. Unicamente os resultados de 2009 estão fora da média oficial de mais ou menos 40%, mas não há analista sério que não concorde que os resultados de 2009 foram ridiculamente falsificados, num excesso de zelo dos funcionários encarregados de o fazer. Para o resultado de 2004, dois anos seguidos, o conselho constitucional admitiu que perto de 20% das 12 807 assembleias de voto tinham submetido contagens falsas.
Mesmo assim todas as eleições foram declaradas "justas e livres" pelos observadores internacionais, que dizem o que os especialistas da observação eleitoral da União Europeia decretam. O argumento é sempre o mesmo, de que "foram as eleições possíveis" e que as irregularidades não importam para o resultado final.
O continente Africano inteiro, desde que abandonou o monopartidarismo em 1990, não tem visto um único ato eleitoral idóneo. São as grandes empresas europeias especialistas da logística das eleições que se oferecem para organizar as fraudes eleitorais por encomenda. A conveniência de manter no poder quem a Europa acha conveniente é a última articulação do neocolonialismo.
Na campanha eleitoral de 2004, Dhlakama frequentemente revoltava-se, dizendo: "Não pode haver uma democracia para europeus e outra para indígenas!" Esperemos que este seu mais sincero desejo seja realizado na geração que sobrevive a Afonso Dhlakama.
Professor de Direito Internacional da universidade da África do Sul e ex-conselheiro de Dhlakama
DN(Lisboa) – 11.05.2018
ekekhayiyowani.blogspot.com
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