titolo : A FORÇA DA VOLTA DO FEMINISMO.
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A FORÇA DA VOLTA DO FEMINISMO.
Vivi para ver. Essa é a sensação que tenho desde o começo do renascimento do feminismo. Ele volta forte, implacável, múltiplo, inquietante. Os últimos dias foram intensos, com debates e polêmicas. Ótimo. Difícil foi atravessar o longo inverno no qual o feminismo era desprezado, mal compreendido, tratado com preconceito, silenciado, visto como sub-filosofia ou movimento lateral.
Foi ler Simone de Beauvoir na adolescência e ter uma epifania. Entendi todo o meu desconforto com o mundo de papéis definidos e no qual à mulher cabia a subordinação. Segui com as leituras e a convicção pela juventude e a vida afora. O Segundo Sexo foi uma janela aberta para o mundo. A alteridade da mulher. Ela vista como o outro, o que é subjacente, o que se define a partir de alguém, coadjuvante. Decidi o que rejeitar: o papel subalterno, a alteridade. Não seria o outro, o segundo, seria a primeira pessoa em minha vida. Assim me entendi como feminista desde o começo da vida adulta. A esquerda considerava o debate inconveniente e sem foco. Afinal, o relevante era a luta de classes. A direita, claro, achava imoral. A reação às piadas machistas era considerada prova de mau humor crônico, incapacidade de aceitar uma simples brincadeira. A indignação era vista como histeria. A trincheira feminista era acusada de ser o refúgio das feias.
Vi passando as décadas e as mulheres caindo na armadilha. Houve uma fase particularmente ruim em que moças diziam: “sou feminina e não feminista”. Até algumas que se achavam inteligente cometiam a frase infame. Poucos anos atrás eu terminara de fazer um pequeno discurso sobre a necessidade de combate ao assédio e ao descer do palco ouvi de uma jovem jornalista a pergunta: “no seu tempo era assim?”. Como se o velho inimigo tivesse sido derrotado.
A polêmica dessa semana colocou em dois lados americanas e francesas. É interessante ver o debate, mas é fácil tomar partido. Me desculpe Catherine, galanteio não se confunde com assédio. O que foi denunciado não foi a natural tentativa de aproximação entre pessoas, a paquera, o flerte. As denúncias, a que se refere Oprah, e tantas mais, contam de pessoas que usaram sua posição de poder para constranger mulheres no showbiz ou em qualquer área. E o fato de que agora elas falam – Time’s up – ajuda outras mulheres a romperem o silêncio com que conviveram com humilhações. Atravessaram a noite em silêncio, à espera do amanhecer. Eu sei de que noite elas estão falando.
A questão feminista é múltipla. O assédio sexual no ambiente de trabalho é um dos problemas. Mas há muito mais. O assassinato de mulheres é uma tragédia que atravessa todos os tempos e todas as classes sociais. O salário menor para o mesmo trabalho. O gap salarial aumenta quanto maior for o nível de escolaridade. A distribuição desigual das tarefas domésticas. O peso excessivo sobre a mulher na educação dos filhos. O direito negado ao próprio corpo. A ausência das mulheres na história oficial do mundo. Os tantos estereótipos: homem razão, mulher sentimento. Meninos nas exatas, meninas nas humanas. Força e fraqueza. Rosa e azul. Boneca e super-heroi.
A discussão é longa, mas mais longo é o tempo em que se separou a humanidade entre dois grupos, e das mulheres foi exigida a submissão. Pode-se ir por inúmeras questões explícitas ou sutis que ferem e ofendem. E há aquele momento – e que bom que há – em que no meio do debate feminista, a mulher negra avisa: a minha discriminação é dupla. As estatísticas e os fatos não deixam dúvidas da perversidade criada quando duas barreiras se sobrepõem.
Só acha que isso é modismo quem não entendeu o mundo em que vive, quem não parou para ouvir, quem prefere se perder em mais um desvio, se enganar em mais um mito, se atrasar outra vez. A questão é seminal para homens e mulheres, para jovens e velhos, para as crianças. Durante décadas esse debate ficou paralisado porque o feminismo, ele próprio, foi alvejado pelo preconceito. Mas ressurge agora nos inúmeros coletivos que discutem as mais diversas questões nas quais o assunto se desdobra. O feminismo mora na filosofia, mora no dia novo que está apenas começando.
Fonte: Miriam Leitão/Boa Informação
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